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HERA LITERÁRIA: Arrivederci, por Ariely Fonseca

Foto do escritor: Casa HeraCasa Hera

Meu avô sempre me pedia para cantar “aquela música da novela” quando nos visitava no nosso antigo sobrado em Minas. Eu devia ter uns 7 ou 8 anos quando aprendi os versos de “Encontro e Despedidas” da Maria Rita, que lá no início dos anos 2000 foi tema de uma novela do horário nobre.


Vinte anos depois, essa é uma das poucas músicas que minha memória saturada ainda lembra de cabo a rabo e eu acho muito curiosa a parte em que são listados alguns tipos de pessoas que são encontradas nas estações:

  • Tem gente que chega pra ficar

  • Tem gente que vai pra nunca mais

  • Tem gente que vem e quer voltar

  • Tem gente que vai e quer ficar

  • Tem gente que veio só olhar

  • Tem gente a sorrir e a chorar


Eu não sei qual tipo faço. Também não sei como chegamos aqui. Eu até poderia ver qual é o próximo trem, mas isso significaria que eu saberia a hora de te dar adeus. E eu não sei se quero saber.


Você já se perdeu em alguém?


Eu gosto muito mais dos trajetos que dos destinos. E tá tudo bem não chegar em lugar nenhum. Antes de ser uma garota das letras, eu fui uma garota dos números. Sempre achei muito poética a definição física de trajetória: “sequência de posições de um móvel em movimento no decorrer do tempo”. A trajetória por si só é relativa. Um corpo em movimento define sua trajetória com o passar do tempo.


Retilíneo ou curvilíneo. Você reto enquanto se curvava. “É impressionante como me encaixo em todas suas curvas” - você dizia enquanto percorria meus caminhos.


Já ouvi algumas vezes que eu era uma caso perdido. Ora dos outros, ora das minhas próprias vozes.


Mas em você eu me encontrei.



Ariely Fonseca

Escreve desde quando se dá por gente e vive disso pra se tornar alguém. Acha que tudo é graça enquanto prova o que tem de mais amargo por aí. Faz prosas de peito aberto pra ver se sossega o coração.

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